sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Resende tem lançamento do Plebiscito Popular no próximo sábado no Calçadão

 Por Alvaro Britto*


O Calçadão de Campos Elíseos, em Resende, sediará no próximo sábado, dia 2, o ato público de lançamento da votação do Plebiscito Popular – Por um Brasil mais justo!, que está sendo realizado em todo o país desde julho. A atividade acontecerá de 10 às 13 horas e contará com a presença de representantes e ativistas de vários movimentos e coletivos populares do município.

O plebiscito é uma consulta à população. Ele é um direito previsto na Constituição Federal de 1988, mas desde então apenas um foi realizado em 1993 sobre a forma (Monarquia ou República) e sistema de governo (presidencialismo ou parlamentarismo). Nas duas questões venceram respectivamente a República e o presidencialismo.



Plebiscito Popular

Desde 2000, entretanto, já foram realizados cinco plebiscitos populares no Brasil. Em 2000, sobre o pagamento da dívida externa; em 2002, sobre a participação do Brasil na ALCA (Area de Livre Comércio das Américas); em 2007, sobre a privatização da Cia. Vale do Rio Doce; em 2010, sobre o limite da propriedade da terra; e em 2014, sobre o sistema político do país.

No Plebiscito Popular de 2025, que estará coletando votos da população até 7 de setembro, foram escolhidos os temas da jornada de trabalho e do imposto de renda. As perguntas são: “Você é a favor da redução da jornada de trabalho sem redução salarial, e pelo fim da escala 6x1?” e “Você é a favor de que quem ganhe mais de R$ 50 mil pague mais imposto para que quem recebe até R$ 5 mil não pague imposto de renda?”



No Estado do Rio de Janeiro, foi acrescentada uma terceira pergunta sobre a privatização do serviço de água e saneamento. Após o término da votação e da apuração, os resultados serão amplamente divulgados e entregues ao presidente Lula, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal.

Convite à população de Resende

O jornalista Alvaro Britto, do Coletivo Popular de Resende e um dos organizadores do Plebiscito na cidade, convidou a população a participar do evento: “É importante todos se manifestarem sobre temas tão importantes para a melhoria da qualidade de vida. Quanto mais votos, maior a chance das propostas se tornarem realidade”, disse ele, que informou que haverá uma extensa agenda de votação até o dia 7 de setembro em locais de concentração popular, como feiras, escolas, praças, faculdades, fábricas e pontos de ônibus.



Ana Sória, também organizadora do ato do próximo sábado, é militante da União Brasileira das Mulheres de Resende e também integra o Conselho Municipal de Direitos da Mulher. Ela informou que a UBM está realizando em Resende a Conferência Livre da Mulher e um dos temas é o impacto do trabalho na vida das mulheres, destacando temas como a jornada exaustiva, inclusive a noturna, contratos precários, o direito à amamentação e à própria maternidade. “Destaco o fim da escala 6x1, proposta pelo Plebiscito Popular, que beneficiará muitas mulheres, além de abrir novos postos de trabalho e trazer de volta aquelas que estavam afastadas devido à jornada excessiva”, defendeu ela.



Depoimento de uma comerciária

Sou comerciária há muito tempo e trabalho em um mercado tradicional de Resende desde que meus filhos eram pequenos. No decorrer desses anos todos eu deixei passar muitas coisas que gostaria de fazer com eles como passear, ter nosso momento de lazer, simplesmente estar com eles, mas não pude fazer isso por conta da escala 6x1. Essa oportunidade de a gente conseguir mudar essa história, trabalhando numa escala de 5 por 2, seria ótimo para todos nós. Estar com nossos familiares mais tempo, aproveitar coisas que deixamos de fazer porque essa escala sempre me privou. Hoje meus filhos são adultos e nós não tivemos esse momento que tanto queríamos. E acabando com 6x1, a gente ainda tem muito para aproveitar”, desabafou uma comerciária que preferiu não se identificar.

Também gostaria de salientar a situação da nossa saúde. Como eu trabalho muito tempo e mercado não é fácil, tive vários problemas. Joelho, tendinite, dor no braço, na coluna, nas pernas, que são reclamações comuns dos meus colegas de trabalho, já que não temos repouso adequado. Ficamos muito cansados e não há tempo para se recuperar, com folga apenas um dia. Esse único dia a gente tem muitas coisas a fazer e acaba que o descanso é zero. Nossa vida se baseia em acordar, ir para o trabalho, voltar para casa dormir e ir de novo para o trabalho. Isso não é uma vida adequada para um ser humano. Como as outras pessoas que estão na sociedade no andar de cima têm seus horários e dias de descanso, nós também gostaríamos de ter esse direito. Por isso apoio e tenho esperança no sucesso do Plebiscito Popular”, concluiu a comerciária.




* Jornalista e membro da Coordenação do Pavio Curto