Por Mani Ceiba e Alvaro Britto
O cacique Ninawa Inu do Povo Huni Kui foi entrevistado pela equipe de reportagem do Pavio Curto na tarde do dia seguinte ao incêndio, ocorrido na noite da sexta-feira, dia 25 de junho. Ninawa é cacique chefe da Federação do Povo Huni Kuin do Acre, que reúne mais de 16 mil indígenas em 127 aldeias. Cerca de 4 mil Huni Kuin também vivem no Peru.
A Oca Kupixawa foi construída em 2014 e é uma casa de cura do povo Huni Kuin, também utilizada por indígenas de outras etnias e outras pessoas que visitam o Rio de Janeiro para reuniões. Elas são acolhidas para fazer rituais, conversas e convivência. Essa Oca é um espaço de memória de grande importância para o povo Huni Kuin, sendo a primeira que foi construído fora do Acre por inciativa do coletivo Guardiões Huni Kuin do Rio de Janeiro, criado em 2010.
Ninawa Inu reconhece como o governo Bolsonaro e seus aliados travam uma verdadeira guerra contra os indígenas, semeando o ódio, a intolerância e a violência. Ele lembrou a repressão violenta da polícia contra indígenas em recente manifestação realizada em Brasília e outro incêndio também ocorrido há poucos dias em uma aldeia de Minas Gerais. “O governo age com covardia ao tentar tirar territórios do indígenas para a exploração dos seus recursos naturais pelos capitalistas”, denunciou o cacique do povo Huni Kuin.
Ele pediu apoio para a mobilização dos indígenas sobre a votação que acontecerá no próximo dia 30 de junho, quando o Supremo Tribunal Federal decidirá sobre a validade do chamado marco temporal. Interpretação defendida por ruralistas e setores interessados na exploração das terras indígenas, o marco temporal define que os povos originários só teriam direito à terra se estivessem sobre sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data de promulgação da Constituição. Ou seja, o primeiro povo que chegou no Brasil há muitos séculos seria expulso de suas terras.
NÃO ao marco temporal!! Pavio Curto apóia essa luta!!
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