Por Mani Ceiba e Álvaro Britto
Assista um pouco da história de Mestre Claudio na TV Pavio
A capoeira é, ao mesmo tempo, uma luta e uma arte. Mas você sabia que durante muito tempo a capoeira foi proibida no Brasil? Quem vê crianças pequenas jogando capoeira nas escolas ou rodas de capoeira com a apresentação de grandes mestres nem pode imaginar que essa conhecida forma de expressão das raízes negras era malvista e considerada perigosa.
A palavra capoeira significa "o que foi mata", por meio da conexão dos termos ka'a ("mata") e pûer ("que foi"). Refere-se às áreas de mata rasa do interior do Brasil, onde era feita a agricultura indígena.
Tem origem no século XVII, criada pelo povo escravizado da etnia banto, e se difundiu por todo o Brasil através dos fugitivos da escravidão, que utilizavam frequentemente a vegetação rasteira para fugirem do encalço dos capitães-do-mato. Esses foram os primeiros capoeiristas.
Mais adiante, ainda no Período Colonial, os negros irão disfarçar a capoeira introduzindo-lhe mímicas, danças e músicas. Tudo isso serviria, tempos depois, para também resistir à repressão da Polícia Imperial e da Milícia Republicana.
A capoeira foi uma prática proibida no Brasil até 1930, quando passa a ser reconhecida como um símbolo da identidade brasileira. Em 2014, a Roda de Capoeira foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.
Para jogar capoeira precisamos de um ritmo ditado pelo atabaque, pelo berimbau e pelo agogô. Essa música é bem característica. Dois parceiros, de acordo com o toque do berimbau, executam movimentos de ataque, defesa e esquiva. Eles simulam uma luta.
Mestre Cláudio: relação de amor com a capoeira
Em uma casa na rua Israel Franco Belga, no bairro Lavapés, podemos encontrar Claudio Pereira de Araújo, que é conhecido mesmo como Mestre Cláudio. Pesquisador das artes afro-brasileiras e fundador da Associação de Capoeira Berimbau de Angola, é presidente da Associação Cultural Resendense de Capoeira, que possui dez associações filiadas. Também pretende lançar um livro em quadrinhos contando a história da capoeira e a sua participação na promoção de uma pedagogia menos violenta da luta.
Quer mais? Tem sim! Mestre Claudio recebeu a medalha Claudionor Rosa pelos seus trabalhos em arte e cultura. E levou ainda a nossa capoeira para Alemanha e África do Sul pelo projeto Peer Leeder, de intercâmbio e formação de jovens, presente na Escola Estadual Antônio Quirino, em Visconde de Mauá. Claudio é um mestre griô, por ter adquirido a sabedoria da arte e da cultura que transmite de forma oral, e tem seu trabalho reconhecido pela comunidade e por outro griô.
Sempre preocupado em difundir a capoeira, Mestre Claudio desenvolveu uma peça teatral, onde também questiona o resultado do 13 de maio. Nela, conta histórias da capoeira e do trabalho dos escravos na senzala com representações de Maculelê, Jongo e Samba de Roda. “Ao final, com o anúncio da abolição da escravatura, todos alegres, alguém pergunta: para onde vamos? Não temos terra para plantar, casa para morar, ferramentas para trabalhar....”
Referências: Educação UOL, Toda Matéria
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