Com o slogan “Um jornal crítico e bem humorado” e tendo como
patrono Henfil e inspiração no Pasquim, o projeto do Pavio Curto nasceu em
2001, quando foram lançadas cinco edições impressas por quatro jornalistas e
chargistas do Sul Fluminense. Logo o grupo se ampliou com vários ativistas de
movimentos populares da região.
Com a palavra, acendedor@s, amig@s e seguidor@s do Pavio
O segundo grupo foi dos acendedores, que colaboram regularmente com conteúdos para o Pavio. Perguntamos qual o retorno e satisfação em relação à divulgação do seu trabalho. A motivação de quem segue e curte regularmente e às vezes até compartilha publicações do Pavio foi outra resposta que buscamos com outras amigas e amigos.
Finalizando, conversamos com participantes de lives ou entrevistas explosivas do Pavio Curto para saber como avaliam o retorno e satisfação em relação à divulgação do seu trabalho e a condução da atividade pela nossa equipe.
Para todas e todos os entrevistados pedimos uma avaliação e sugestões para a melhoria do Pavio Curto 21 um ano após o seu lançamento. Em outra questão comum e mais geral relacionada ao projeto do nosso coletivo, buscamos conhecer a opinião das amigas e amigos do Pavio sobre o papel da imprensa alternativa na luta contra os valores da chamada “cultura bolsonarista”.
Vida longa ao Pavio Curto!!
Dodora Mota:
“Não percam o foco do debate de esquerda”
Professora e militante social e sindical, Dodora mora em Volta Redonda. Ela participou do lançamento do Pavio Curto há 21 anos, atuando na época no seu conselho editorial. Atualmente está no coletivo de acendedores, colaborando com pautas e em lives e entrevistas.
Na
foto, Dodora em reunião de pauta do Pavio em 2001.
“São dois momentos bem distintos. Em 2001 a Educação enfrentava bravamente Garotinho no governo fluminense, o estado do Rio organizava seu I Congresso Estadual de Educação (COED) e a esquerda se preparava para eleger Lula em 2002. O sindicalismo estava avançando e o SEPE apoiou totalmente o projeto do Pavio Curto. Atualmente foi necessário exercitar a criatividade e entender o papel da mídia alternativa nesse novo momento de negacionismo e de pandemia para dar um jeito de voltar a falar com a sociedade.
Foi
um grande desafio, principalmente para vocês da equipe e estão de parabéns.
Foram guerreiros nessa empreitada. Sugiro que não percam o foco do debate de
esquerda, que garantam a pluralidade de ideias e que continuem na luta para
derrotar o bolsonarismo.
Usar
todos os meios para combater os fakenews,
noticiar cotidianamente os ataques às "minorias" que na
verdade formam a maioria do povo brasileiro e garantir as diversas visões no
campo da esquerda”
Claudia
Santiago: “Nosso papel é se tornar referência como bom jornalismo para resistir
aos ataques, mentiras e manipulações.”
Jornalista do Rio de Janeiro, Claudia é coordenadora do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) e da Livraria Antonio Gramsci, tendo participado do evento de lançamento do Pavio Curto impresso, realizado no auditório do Centro Universitário de Barra Mansa em 2001.
Na foto, ela apresenta exemplares de vários jornais
alternativos editados na ditadura militar.
“É o mesmo Pavio combativo, inteligente feito com a mesma paixão e o mesmo amor. A diferença é que se adaptou aos tempos. Isso mostra como os seus criadores são comprometidos com a comunicação alternativa e conhecem a sua importância. Sabem que impresso ou digital ela precisa existir.
Importante
aumentar a divulgação e o alcance. Chegar a mais leitores e estar sempre muito
preocupado em ter uma pauta que o que diz respeito aos trabalhadores e
trabalhadoras no campo e na cidade e nunca se esquecendo de uma olhada no
mundo. Tratar sempre dos direitos da classe trabalhadora. Fazer sempre
jornalismo.
A
imprensa alternativa tem um papel enorme, extraordinário. É nós por nós. A
história nos ensina que não podemos confiar nos meios hegemônicos que
funcionam, infelizmente, de acordo com os interesses do capital. Estamos
abarrotados de informações por diversos meios digitais. Vivemos o caos
informacional. Nosso papel é se tornar referência como bom jornalismo para
resistir aos ataques, mentiras e manipulações.”
João Henrique: “Tenho orgulho de ter participado da criação do projeto e do caminho que ele seguiu em tempos digitais”
Radialista, jornalista, professor e historiador, João
Henrique é morador de Vassouras. Participou na primeira fase impressa do Pavio Curto em 2001, atuando
na época no seu conselho editorial e participando de entrevistas e produção de
textos. Em 2021, João esteve nas primeiras conversas sobre a volta do Pavio,
atuando na coordenação e no coletivo de acendedores. Atualmente, colabora com
sugestões de pautas e artigos.
Na foto, João Henrique na histórica entrevista do Pavio com Dom
Waldyr Calheiros realizada em março de 2001.
“Eu diria que hoje talvez o Pavio seja ainda mais importante, necessário. Se em 2001 o povo brasileiro enfrentava a repercussão de um projeto neoliberal, com fome e desemprego, hoje esse sofrimento se soma ao enfrentamento a um governo que empodera o racismo, a misoginia, a homofobia e tantas outras mazelas do ser humano. Tenho orgulho de ter participado da criação do projeto e do caminho que ele seguiu em tempos digitais. Vida longa ao Pavio Curto no enfrentamento do obscurantismo, hoje e sempre.”
Ju Kerexu: “Eu gosto muito dessa nova experiência, e ver minhas poesias é muito forte!”
“Eu gosto muito dessa nova experiência, e ver minhas poesias é muito forte! É muito bom, facilita o acesso e é mais fácil. A imprensa alternativa é muito necessário, pois estamos vivendo num mundo que precisamos estar o tempo todo atualizando as informações sobre a realidade que estamos vivendo.”
Guilherme Maia: “Sugiro buscarmos um meio de incentivar os leitores a dialogarem com os autores”
“Ter essa liberdade de expressão - imagina poder expor o que sinto em sintonia com a turma aqui. Nessas épocas conturbadas, como a que estamos vivendo, dizer com orgulho LIBERDADE DE EXPRESSÃO, garantia da civilização humana tão ardorosamente conquistada e, nesse momento, tão malversada no sentido de quererem acobertar esses anseios neonazistas por meio dela. Podemos dizer aqui que cultuamos sim a liberdade de expressão plena, porque lutamos por nossos meios (as palavras e as charges) pela liberdade e não pelo cativeiro das pessoas.
Sugiro
buscarmos um meio de incentivar os leitores a dialogarem com os autores. Talvez
uma seção de leitores. A imprensa alternativa é a ponta de lança numa época
onde a mídia eletrônica está servindo ao desmonte do conhecimento humano em
prol de distorções da percepção da realidade, a famigerada pós verdade vem no
bojo das mídias da rede e a luta contra essa distopia deve ser com as mesmas
armas!”
Dayse Gomis:
“Ser vista como uma chargista pela democracia tem sido emocionante, empolgante
e renovador”
“Gosto de contribuir com essa partilha de artes/texto no Pavio Curto. Ser vista como uma chargista pela democracia tem sido emocionante, empolgante e renovador. O Pavio tem feito um excelente trabalho de "tráfico de informação com arte". E isso realmente tem impacto em nossa vivencia pela mídia em geral.
A
imprensa alternativa deve trazer à tona a verdade para a população de forma
lúdica, interpretar e traduzir na simplicidade e ser palatável a todes. Sendo
assim multiplicaremos pessoas informadas e desejosas por garantir seus direitos
e para o Bem Viver de todes.”
Mário Lucio: “Considero importante a incorporação de novos articulistas e usar uma linguagem acessível a todos os leitores.”
“Fiquei muito contente em ser convidado para escrever artigos na retomada do Jornal Pavio Curto no formato digital. Temos que usar todos os recursos disponíveis para compartilhar informações e opiniões no sentido de esclarecer assuntos contemporâneos relevantes. Considero importante a incorporação de novos articulistas e usar uma linguagem acessível a todos os leitores. Parodiando Jorge Amado, sobre o papel da imprensa alternativa: “Usei minha arma de escritor, a palavra, contra a injustiça e a miséria, contra tudo que é anti-humano, contra a opressão e o falso moralismo”.”
Giovana
Damaceno: “Seria ótimo encontrar mais colaboradores comprometidos, para poder
aproveitar melhor o pouco que cada um pode oferecer.”
O
Pavio cresce de forma lenta, como ocorre com todo o processo de consolidação de
uma mídia, e isso é bom, pois podemos avaliar o trabalho com calma, bem como
sua repercussão. Também devagar avaliamos melhorias e aplicamos os ajustes
necessários. Em um ano já ouço comentários a respeito dos artigos publicados,
recebo alguns retornos sobre os links que recomendo. E vai ficando cada vez
melhor. Seria ótimo encontrar mais colaboradores comprometidos, para poder
aproveitar melhor o pouco que cada um pode oferecer.
Vivemos
um momento de muita necessidade de espaços de voz. E é na imprensa alternativa
que encontramos esse espaço, importantíssimo para noticiar, discutir, dar
visibilidade a temas importantes, educar. Acho pouco o que temos; precisamos de
mais e cada vez mais.”
Faz
um tempo que nós acompanhamos o Pavio Curto, acho que desde o surgimento, e
notamos que ele traz sempre pautas sociais importantes que normalmente não
vemos em veículos de comunicação tradicionais ou são abordadas de forma
superficial. Achamos que a principal arma contra um governo ignorante e
intolerante é a resistência e a propagação de informação. Sabemos que é difícil
mudar a mente de um bolsonarista assíduo, mas acreditamos que a imprensa
alternativa tem um papel muito importante na vida das pessoas que estão
dispostas a escutar.”
“Eu sigo, curto e compartilho publicações do Pavio pois são assuntos do meu interesse e acho importante divulgar para que mais pessoas conheçam o conteúdo. Avalio o trabalho muito bom e bonito, feito por amigos com intuito de levar informação de verdade, em meio a tanta mentira que circula pelas redes. Esse é o papel da imprensa alternativa: mostrar a verdade, o outro lado, levar à reflexão!”
Luis Cláudio
Hermógenes: “A equipe está de parabéns pelo trabalho, mas creio que um site faz
falta”
Jornalista, professor de Comunicação e assíduo das redes sociais, Hermógenes é morador de Resende e seguidor do Pavio Curto no Instagram, onde curte frequentemente suas publicações.
O
papel da imprensa alternativa é fundamental, por permitir às pessoas a
oportunidade de pensar, de ouvir o contraditório. Pois a mídia tradicional
imperialista, que nos impôs o Golpe de 2016, foi certamente uma das principais
responsáveis pelo estado de coisas ao qual o país se sucumbiu. Hoje somos um
Brasil intolerante, com fome, desemprego miséria.”
“Sigo o Pavio e curto suas publicações, mas compartilhar nem sempre. Gosto de leitura e me interesso por coisas de esquerda. Ainda não consigo avaliar, mas o digital tomou conta das nossas vidas e acho importante. Tem idosos que preferem o papel físico ainda, então, tem que haver um equilíbrio. Considero o papel da imprensa alternativa essencial na luta contra os valores da chamada “cultura bolsonarista”.”
Sem
veículos de comunicação alternativos para se contrapor à mídia gorda é
impossível enfrentar o projeto conservador e neoliberal. Que muitos veículos de
comunicação como o Pavio Curto floresçam para fortalecer a luta em defesa dos
direitos humanos e da sustentabilidade do nosso planeta.”
Jenny
Faulstich: “Gosto muito do conteúdo, principalmente as charges”
Fotógrafa com grande atuação na internet e moradora de Resende, Jenny é seguidora do Pavio Curto nas redes sociais, curtindo a maioria das suas publicações.
“Sigo e curto maior parte dos posts, principalmente por me identificar com a forma e pensamentos dos assuntos tratados. Gosto muito do conteúdo, principalmente as charges. Sugiro mais posts no formato reels. A imprensa alternativa é extremamente necessária! Como um farol a nos guiar na escuridão.”
Jorge
Alexandre: “...a imprensa no brasil é extremamente oficialista, ela sempre dá
voz às instituições em detrimento dos personagens, do povo, das pessoas simples
que fazem a vida acontecer.”
“Eu adoro o Pavio curto, conheci na época do jornal impresso, eu era leitor e agora, quando vi as publicações nas redes sociais comecei a seguir na hora. É divertido, bem feito e usa da arte para tratar de temas relevantes. A página é ótima, não há o que eu possa sugerir, eu curto, compartilho e sou fã da página. As artes, as charges são bem feitas, e sempre atuais, acompanham os fatos do cotidiano, isso é muito bom.
Fundamental
ter espaços fora da mídia oficialista, a imprensa no brasil é extremamente oficialista,
ela sempre dá voz às instituições em detrimento dos personagens, do povo, das
pessoas simples que fazem a vida acontecer. Dessa forma, ter uma imprensa que
dá voz aos que não tem, isso é maravilhoso. Há uma falsa sensação de liberdade
de imprensa, e nesse embate que os bolsonaristas entram com suas fake news e
desinformações, eles colocam verdades sutis num pacote de mentiras e uma
parcela da sociedade acaba aceitando essas mentiras envelopadas com pequenas
verdades.”
Priscila Messias: “...torço que o blog cresça expandindo suas atuações através de podcasts, lives e maior divulgação.”
Professora, escritora, poetisa e artesã, Priscila é coordenadora
da União Brasileira de Mulheres (UBM) em Resende. Ela é seguidora do
Pavio Curto nas redes sociais, curtindo a maioria das suas publicações.
“As publicações são muito interessantes, trazendo sempre charges coloridas e objetivas, temas atuais e pertinentes. Por ser digital, permite o acesso para todos, mas torço que o blog cresça expandindo suas atuações através de podcasts, lives e maior divulgação.
A imprensa alternativa é fundamental para se combater o
bolsonarismo ou qualquer tipo de tentativa de manipulação midiática, já que se
propõe a trazer a notícia de perspectivas diferentes e sem medo de trazer a
verdade visto que não está presa à classe dominante.”
Hélio Luz: “...a
entrevista foi muito boa, as perguntas objetivas e os entrevistadores tinham
conhecimento do assunto”
Delegado por 25 anos, inclusive de
Volta Redonda em 1992, foi chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro
de 1995 a 1997. Antes Hélio atuou
como assessor jurídico voluntário em vários movimentos populares, como a
Comissão Pastoral da Terra e a Federação de Favelas do RJ. Foi deputado
estadual do PT (1999/2002). Hélio Luz é amigo do Pavio Curto desde sua versão
impressa em 2001, participando inclusive do evento de lançamento do jornal realizado
em maio daquele ano em Barra Mansa. Em
maio de 2021, ele participou de concorrida entrevista explosiva do Pavio sobre
direitos humanos, segurança pública e conjuntura política atual, disponível da
TV Pavio Curto no Youtube.
“Participei da entrevista e foi excelente, ativa, interagimos bastante. Não disponho de meios para avaliar o retorno, mas a entrevista foi muito boa, as perguntas objetivas e os entrevistadores tinham conhecimento do assunto. A imprensa alternativa é a saída encontrada para o enfrentamento ao cartel imposto pelos privilégios concedidos às "famílias" dominantes dos meios de comunicação, no século XX, pelo estado, para manutenção e controle dos excluídos de cidadania.”
Angela
Mendes: “A live teve uma condução leve e que deixa o/a convidada à vontade,
instigante eu diria, gostei!”
Militante sócio ambiental e coordenadora do Comitê Chico Mendes, Angela é moradora de Rio Branco, no Acre. Ela é filha do seringueiro, ambientalista e sindicalista Chico Mendes, que é uma das fagulhas que ilumina o Pavio Curto. Angela Mendes participou no final de 2021 de live promovida pelo jornal sobre o legado de seu pai e a situação ambiental da Amazônia.
“Considero que o coletivo tem seriedade e compromisso, tem uma boa divulgação e cuidado com a produção na fase pré e pós live. Quanto à repercussão pelo pouco que acompanhei nas redes do coletivo acredito que tenha sido satisfatória pelos comentários e likes. A live teve uma condução leve e que deixa o/a convidada à vontade, instigante eu diria, gostei.
Uau,
na verdade a imprensa alternativa já desempenha um papel fundamental na luta
contra a exclusão e as injustiças sociais de vários Povos e Populações do
Brasil, como o trabalho dos seringueiros da Amazônia na década de 70. Agora tem
sido um canal muito estratégico da nossa resistência e da luta contra o
fascismo.”
Acredito
que o papel da imprensa alternativa é difundir ações socioeducativas de
conscientização e desmistificação coletiva da ideologia de extrema direita.”
Apuração e texto: Fabíola Rodrigues, Camilla Silva e Alvaro Britto
Ilustração: Cacinho
Fotos: Arquivo Pavio e divulgação
Aqui só tem gente boa! Vamos à luta porque o bicho tá pegando!
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