Comitês populares se multiplicam por todo o Brasil
Resende é destaque no Rio de Janeiro; lançamento em Mauá foi um sucesso
Por Alvaro Britto
Foi
lançado dia 31 de julho, domingo e último dia do recesso escolar, o
Comitê Popular de Luta Visconde de Mauá, linda região
serrana de Resende, no Sul Fluminense, que também se estende aos
municípios vizinhos de Itatiaia e Bocaina de Minas. Dezenas de
pessoas
– maioria de mulheres - resistiram ao frio e se reuniram com muito
entusiasmo, emoção e compromisso de luta para mudar o Brasil e o
estado do Rio de Janeiro.
Foto: Pedro Cardoso
Filiados
a partidos da coligação que apoia Lula e Freixo, militantes de
movimentos populares, vários ativistas progressistas e democratas
sem filiação partidária, enfim cidadãs e cidadãos brasileiros
moradores dos três municípios da região serrana que foram para as
ruas dialogar com a população e apresentar as propostas da
coligação Juntos pelo Rio e pelo Brasil. “O amor vai vencer o
ódio”, foi uma das frases mais faladas do dia. A reportagem do
Pavio Curto também esteve lá e registrou lindos momentos da
atividade.
Foto: Alvaro
Animados
com o sucesso do lançamento, os participantes do Comitê realizaram
reunião de avaliação e já estão programando novas atividades em
Visconde de Mauá. A prioridade é conversar com os moradores das
diversas comunidades da região, visitando famílias, comércio,
feiras livres e realizando banquinhas para distribuição de
material. Maringá, Maromba, Lote 10, Ponte dos Cachorros e Campo
Alegre estão agendadas. Na semana seguinte, já aconteceu banquinha
em Maringá. Para o final de agosto, está programado um evento
político-artístico-cultural- recreativo na Vila de Visconde de
Mauá.
Foto: Maurício
Em
Resende, estão em funcionamento mais cinco Comitês Populares de
Luta, além de Visconde Mauá: Calçadão, em Campos Elíseos; do
bairro Novo Surubi; Marielle Franco, na Grande Alegria; Feira Livre
da Beira Rio; e Fazenda da Barra 3. Também já está em organização
do Comitê do Grande Paraíso, cujo lançamento está previsto para
breve.
O
município, apesar da tradição conservadora, é um dos destaques do
Rio de Janeiro, não só em quantidade de comitês organizados, mas
principalmente pela regularidade de funcionamento e grande
receptividade da população nas atividades. Uma das marcas
registradas de seus comitês é o adesivo com a mãozinha vermelha em
L, impresso através de vaquinha entre os militantes, que faz sucesso
localmente mas também nas cidades vizinhas e em eventos fora da
região.
A
formação de Comitês Populares de Luta começou em todo o Brasil em
fevereiro. Atualmente são mais de 4.300 mil comitês, sendo 44 no
exterior, organizados em comunidades, bairros, ruas, segmentos
sociais, movimentos populares e também virtuais, prontos para
reconstruir a esperança e resgatar a alegria de nosso povo nas redes
e nas ruas. No
Estado do Rio, já são 314 comitês cadastrados.
Se
você tem interesse em participar desse movimento que está mudando a
forma de fazer política no país e criar um comitê, a edição 15
do Pavio Curto publicou reportagem sobre os objetivos, estrutura e
funcionamento, bem como dicas de atividades de um Comitê Popular de
Luta.
Na
atual edição, entrevistamos Eduardo Barros, um dos organizadores do
Comitê de Visconde de Mauá; Ana Sória, Dalrea Silva, Ana Letícia,
Marta Baltar, que atuam na organização de comitês de Resende; e
Liana Costa, que começou a participar recentemente. O Pavio Curto
também conversou com Adeilson Teles, coordenador
do Comitê dos Comitês Populares de Luta do Rio de Janeiro.
EDUARDO BARROS: “...o lançamento
do Comitê de Visconde de Mauá superou as expectativas...foi uma
atividade vibrante, onde todo o grupo demonstrou muita união,
animação e garra."
Foto: Pedro Cardoso
Quem
é Eduardo Barros?
Sou
carioca da gema, nasci no Estácio, berço do samba, na região
outrora denominada Pequena África, mas passei a infância e
adolescência no Grajaú. Meus avós paternos são imigrantes
portugueses e os maternos, do norte Fluminense, da cidade de Santa
Maria Madalena. Meus pais se conheceram no Morro de São Carlos, onde
meus avós se estabeleceram. Inclusive, neste lugar há uma capela
construída pelo meu avô José de Barros, batizada de São José
Operário em sua homenagem.
Dentre
as traquinagens da infância, em plena ditadura, se destacava
rechear, aleatoriamente, as caixas de correspondência dos vizinhos
com cédulas eleitorais dos dois únicos partidos permitidos pelo
regime militar, o MDB e a ARENA. Os primeiros lampejos de consciência
política tiveram origem na disputa eleitora de 1982, quando Leonel
Brizola saiu vitorioso, apesar da tentativa fraudar a apuração, no
episódio que ficou conhecido como escândalo Proconsult. Naquela
época a contabilização dos votos durava dias, por vezes semanas,
com mesas de apuração que funcionavam no Grajaú Tênis Clube,
onde, diariamente, eu ia acompanhar o andamento. Me impressionava
aquela confusão, o que me faz ver como louco devaneio essa campanha
contra as urnas eletrônicas patrocinada por Bolsonaro.
Sem
dúvida, foi a campanha de 1989 o grande divisor de águas, a
primeira eleição direta para presidente. Naquela ocasião, o PT era
considerado mero coadjuvante na disputa e no início do período
eleitoral Lula registrava apenas 5% da preferência dos eleitores.
Fizemos uma campanha aguerrida, sem recursos financeiros, toda
custeada com contribuição voluntária da militância, chegamos
inclusive a vender panfletos, dá pra imaginar? Para surpresa de
muitos, Lula superou Brizola às vésperas do primeiro turno, mas não
foi capaz de fazer frente à avalanche de violências, mentiras e
boatos patrocinada por Fernando Collor de Mello, sendo derrotado no
segundo turno. Lamentavelmente, temos hoje novamente na presidência
uma espécie de cópia mal feita do “caçador de marajás”.
Depois
disso muitas águas rolaram, trabalhei três anos como responsável
da Lojinha do PT do Diretório Regional RJ, ingressei e abandonei o
curso de Ciências Sociais na UFF, onde militei no movimento
estudantil. Tivemos de encarar o deserto neoliberal de FHC, oito anos
de privatizações e esvaziamento da soberania nacional. Em 2002, me
mudei para a região de Visconde de Mauá. Naquele momento, José
Serra, candidato do PSDB, despontava como sucessor de Fernando
Henrique, mas, felizmente Lula conquistou a presidência pela
primeira vez, iniciando um ciclo virtuoso de inclusão social e
desenvolvimento econômico sem paralelo na história do Brasil.
Desde
2007 fiz a opção de trabalhar na educação pública. Ingressei no
magistério em 2013, depois de cursar Licenciatura em História na
UNIRIO. Nos últimos dozes anos atuei como conselheiro da sociedade
civil no Conselho Municipal de Educação e no CACS-FUNDEB, ora como
representante dos funcionários, ora como representante dos
professores. Fui eleito em 2018 coordenador geral do Sindicato
Estadual dos Profissionais da Educação do Núcleo Itatiaia, onde
atuei nos últimos quatro anos na luta por uma educação
democrática, de qualidade e verdadeiramente inclusiva.
Vc
está super empenhado na construção e incentivo a participação no
comitê de Mauá. O que te motiva?
Dizem
que ‘quem ama cuida’, não é mesmo? Adotei a região de Visconde
de Mauá como meu lugar não foi à toa. Paisagens exuberantes, flora
e fauna de rara diversidade e um riquíssimo manancial de recursos
hídricos fazem da região um lugar estratégico tanto para a
preservação dessa enorme biodiversidade como para iniciativas que
combinem respeito ambiental, justiça social e desenvolvimento
sustentável. Infelizmente, o atual governo resolveu ‘abrir a
porteira e deixar passar a boiada’, sucateando os órgãos
ambientais e desmobilizando as ações de fiscalização que visam
coibir crimes ambientais. Portanto, é preciso reverter essa situação
com uma ação conjunta do governo federal e demais entes federativos
dos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, garantindo
recursos materiais e humanos para os órgãos responsáveis pela
fiscalização, planejamento e orientação das iniciativas
governamentais e privadas. Em primeiro lugar, a principal motivação
para criação do Comitê Popular de Luta Visconde de Mauá é unir
esforços para eleger Lula Presidente e Marcelo Freixo Governador, os
únicos candidatos de efetivo compromisso com a justiça social e o
desenvolvimento sustentável. Depois de eleitos, acompanhar e
participar de suas gestões na região, atuando coletivamente para
garantir que os resultados beneficiem de fato a maioria da população.
Como
avalia o lançamento do Comitê de Mauá dia 31 e o que pensa para as
próximas atividades?
Realmente,
o lançamento do Comitê de Visconde de Mauá superou as
expectativas. Conseguimos a adesão de moradores de todas as
localidades da região (Lote 10, Vale do Pavão, Vale das Cruzes,
Maringá e Maromba), dezenas de pessoas engajadas nessa jornada que
se iniciou no último domingo e só vai parar no dia 2 de outubro. No
ato do dia 31 havia representantes de todos os partidos que apoiam
Lula e Freixo no estado do Rio de Janeiro (PT, PCdoB, PSOL, PSB, PV),
além de diversas lideranças sindicais e comunitárias. Além de
concorrido, foi uma atividade vibrante, onde todo o grupo demonstrou
muita união, animação e garra para essa crucial disputa eleitoral
que se aproxima. Os próximos passos do Comitê devem ser definidos
em breve, porque estamos ainda na expectativa da liberação oficial
da campanha eleitoral, escolha de candidatos e definição das
logomarcas oficiais, mas posso adiantar a ideia de fazer um ato
cultural, com apresentações musicais e atividades artísticas.
A
que atribui o sucesso do Comitê numa região considerada bastante
conservadora?
Não
creio que o mais correto seja dizer que a região é essencialmente
conservadora, afinal temos aqui descendentes de imigrantes europeus,
alguns inclusive incriminados como “anarquistas” no início do
século passado. Na década de 1970, Visconde de Mauá se notabilizou
por ser um dos destinos preferidos dos hippies em busca de vida
alternativa. Precisamos admitir que o conservadorismo é um traço
geral e marcante da população brasileira, resultado previsível de
uma democracia frágil, refém de acordos políticos da elite
oligárquica, que nunca investiu satisfatoriamente na educação
pública, gerando assim um baixo nível de consciência política do
nosso povo. Apesar do patrono da educação brasileira ser Paulo
Freire, ainda temos como tarefa urgente articular um plano nacional
de alfabetização popular para uma maior conscientização da
sociedade brasileira sobre a sua história e seus desafios futuros.
Como
avalia a destacada participação das mulheres no Comitê?
Importante
e previsível, afinal Lula e Marcelo Freixo incorporam em suas
propostas o cuidado e a proteção da população mais humilde e as
reivindicações históricas do movimento feminista. Além disso,
todas as pesquisas eleitorais retratam, incontestavelmente, essa
preferência majoritária das mulheres, dos jovens e da população
de baixa renda por Lula Presidente e Marcelo Freixo Governador.
Apesar do engajamento das mulheres, a desigualdade de gênero ainda é
a tônica da nossa sociedade. Estão nas manchetes de jornais
inúmeros casos diários de feminicídio e violência contra a
mulher, que seguem também subrepresentadas no âmbito dos poderes
legislativo, executivo e judiciário. Portanto, a participação
feminina no nosso comitê é muito oportuna, afinal temos um longo
caminho pela frente, o jogo eleitoral está só começando. É hora
de arregaçar as mangas, botar o pé na estrada e esperançar dias
melhores. Mãos à obra!
ANA
MARIA SÓRIA: “...organizar
um comitê é um exercício de cidadania. Exige dedicação,
envolvimento comunitário, desejo político de ver as transformações
necessárias acontecendo no país.”
Foto: Alvaro
Quem
é Ana Maria Sória?
Sou
natural de Uruguaiana, Rio Grande do Sul, fronteira oeste com
Argentina e Uruguai. Tenho 65 anos, portanto passei a infância e a
juventude no período da ditadura militar. Me formei em 1980 em
Medicina Veterinária na PUC de Uruguaiana, e logo depois comecei a
atuar como comerciante no segmento de moda feminina e acessórios.
Sou empreendedora e me reinvento a cada mudança política no país.
Passei a ter contato com a militância política com o chamado de
Leonel Brizola, no Rio Grande do Sul. Ele foi uma potente referência
política por muito tempo, e foi através dele que o Lula passou a
ser reconhecido no estado. Na época passei a participar de campanhas
eleitorais de rua, mas quando Collor foi eleito, e depois durante o
governo FHC, fiquei afastada de qualquer atividade política. Vindo
morar em Resende em 2000 já estava encantada com Lula, e mesmo não
estando filiada a nenhum partido, fiz campanha por ele. Mais tarde me
filiei ao PCdoB, participei da UBM, e estive atuando e militando em
atividades de rua, eventos, manifestações, protestos, etc. Sou
brizolista por estima, admiração a um grande homem e político
nato, pois ele me deu a direção que é à esquerda. Já o PCdoB me
proporcionou a formação política comunista marxista. Hoje a minha
escolha de projeto político e ideológico é no Partido dos
Trabalhadores, onde me sinto à vontade. Sou petista, lulista,
socialista, pão com mortadela de coração. Atualmente estou muito
focada na organização e atividade dos Comitês Populares de Luta.
Você
está super empenhada na construção e incentivo à participação
nos Comitês. O que te motiva?
Desde
o impeachment, o golpe sofrido pela presidenta Dilma, eu me propus a
me desafiar e envolver para combater a política neoliberal, que só
retira direitos dos trabalhadores e aumenta a desigualdade social no
país. Então, na campanha de 2018, já atuei militando em todos os
lugares e espaços onde eu me encontrava, seja trabalhando ou fazendo
campanha de fato. Eu era um comitê itinerante. Quando me filiei ao
PT e começaram os cursos de formação, eu já tinha o propósito de
me preparar para a campanha eleitoral, mas a minha maior motivação
é proporcionar um futuro melhor para os nossos filhos e netos, para
as futuras gerações, e ter um país livre e soberano. Sempre tive o
desejo de participar mais ativamente da política como cidadã e dar
a minha contribuição. Hoje minha contribuição através do
trabalho dos comitês é promover engajamento político entre a
população.
Resende
tem se destacado pela organização de Comitês em várias regiões
da cidade e pelo crescente apoio popular nas atividades de rua. A que
atribui esse sucesso numa cidade considerada conservadora?
Eu
considero que apesar de a cidade ser conservadora, as pessoas são
cidadãs iguais a todos, e o sucesso e adesão do povo aos comitês é
devido a termos propostas que vem de encontro aos anseios das pessoas
que estão sendo atingidas dramaticamente por uma gestão que só
teve atuação contra o povo brasileiro. Trazemos esperança de
mudança com projetos sociais que atenderão a todos. Isso é o que
traz as pessoas para as conversas dos comitês, e é dessa maneira
que vejo o sucesso que estamos tendo nas ruas.
Como
avalia a destacada participação das mulheres nos Comitês?
A
luta das mulheres por espaço, respeito, autonomia, direitos e
protagonismo vem crescendo, e neste momento de tentativas de impedir,
retirar e depreciar a atuação das mulheres na política e na
sociedade, todas nos unimos na resistência, defendendo nossas causas
e ocupando espaços. Nos comitês as mulheres desempenham o papel de
mobilizar a sociedade ao redor de todas essas pautas que comentei, e
serem exemplos para as outras se juntarem a nós. Sempre acreditei
que empoderamento não é só uma palavra em um cartaz, mas sim a
prática de ajudar outras mulheres a assumir seu papel na luta por
todas. Uma mulher participar de um comitê de lutas é então um ato
de resistência, em aderir a um espaço coletivo onde todas podem
exercer com autonomia seu papel em uma história de transformação.
Quais
atividades podem ser realizadas pelos Comitês?
As
atividades são muitas e bem diversificadas, mas o que eu destacaria
é a possibilidade de realizar atividades que permitam a troca de
ideias entre as pessoas. Um comitê é uma construção coletiva onde
podem ser feitas atividades culturais, com debates, atividades
artísticas, música, dança, filmes, etc. Temos as atividades de rua
como passeatas, panfletagem, produção de cartazes, e tudo que
envolva compartilhar e trocar. Também pode haver atividades por
segmento de interesse coletivo, como por exemplo uma horta
comunitária, plantio de árvores, doação de livros, pinturas, etc.
A gente precisa ter muita criatividade para fazer acontecer essas
atividades e ir construindo pouco a pouco. Cada um pode trazer novas
ideias e propostas, e assim são construídos os comitês. Além da
criatividade, temos que ter objetivo, que hoje é a eleição da
chapa Lula-Alckmin, que vai nos trazer grandes mudanças e a
reconstrução do Brasil.
Como
organizar um CPL em Resende?
Antes
de falar da parte técnica, organizar um comitê é um exercício de
cidadania. Exige dedicação, envolvimento comunitário, desejo
político de ver as transformações necessárias acontecendo no
país. Envolve a capacidade de ajudar pessoas a se organizarem para
exercer sua cidadania em conjunto, na rua, aos olhos do público,
dialogando com todos. Demanda sim tempo, mas com o andar do trabalho,
quanto mais os membros se envolvem, melhor distribuído fica o
trabalho. Agora para a parte técnica, sobre cadastro do comitê na
plataforma e como mobilizar sua comunidade, recomendo a leitura da
cartilha de criação de comitês, que pode ser acessado pelo link.
O
que você espera que pode mudar na atuação dos CPL com o início
oficial da campanha dia 16 de agosto?
Eu
espero que a partir do início da campanha se organizem mais comitês
na cidade, que tenhamos mais companheiras e companheiros nas
atividades, porque de fato vamos precisar de todos e todas. A
campanha é muito rápida e precisa de dinamismo, não podemos perder
oportunidades. Precisamos estar em todos os lugares ao mesmo tempo.
Gostaria de encerrar deixando um chamado: “Venham se juntar aos
comitês”. #vamosjuntospelobrasil
DALREA
SILVA: “Esperamos que novas lideranças surjam desses comitês
populares de luta, já passou da hora de assumirmos o protagonismo
nos rumos de um mundo bom e justo para todos.
Foto: Divulgação
Quem
é Dalrea Maria da Silva?
Sou
formada em economia, aposentada da indústria onde trabalhei na área
de custos até maio desse ano. Milha filiação ao PT foi adiada até
2018, quando me senti na obrigação de me juntar ao partido pelo
qual sempre tive simpatia.
Vc
está super empenhada na construção e incentivo à participação
nos Comitês. O que te motiva?
O
que me motiva na construção e incentivo á participação nos
comitês é essa característica popular e espontânea, poder
participar dessa grande virada de volta do poder do povo nas mãos do
povo.
Resende
tem se destacado pela organização de Comitês em várias regiões
da cidade e pelo crescente apoio popular nas atividades de rua. A que
atribui esse sucesso numa cidade considerada conservadora?
Apesar
de Resende ser considerada uma cidade conservadora, observamos em
conversa com o povo, que na verdade Resende tem uma falsa elite
conservadora e um povo trabalhador ansioso por trabalho digno, por
melhores preços, por cultura, diversão e arte e que já não
aguenta mais os absurdos do governo federal. Encontrar a esquerda nas
ruas tem sido motivo de alegria para muita gente.
Como
pretende organizar o Comitê do Paraíso?
Estamos
pensando em fazer um evento conjunto num local de grande circulação
e aproveitar a oportunidade para incentivar que outras lideranças do
bairro criem seus comitês, de rua, de afinidade, de profissão entre
as tantas opções de comitês prevista no Nova Primavera.
Quais
atividades pensa pra ele?
Nesse
primeiro comitê geral seria repetir o que temos feito nos comitês,
com varais, cartazes e adesivos. A partir do início da companha
pretendo manter uma mesinha na minha calçada para conversa com os
vizinhos, talvez uma garrafa de café e/ um bolo, já que estarei na
calçada do bairro onde nasci e vivi por toda a vida.
Como
avalia a destacada participação das mulheres nos Comitês?
A
participação das mulheres na formação dos comitês é potente,
não só nos nossos comitês de Resende, mas em toda a jornada de
formação do Nova Primavera, a presença das mulheres é notável.
Esperamos que novas lideranças surjam desses comitês populares de
luta, já passou da hora de assumirmos o protagonismo nos rumos de um
mundo bom e justo para todos.
ANA
LETÍCIA: “Os comitês são um sucesso, pelo trabalho dedicado, e
sempre bem preparado com capricho e numa linguagem que todos possam
entender...”
Foto: Divulgação
Quem
é Ana Letícia?
Sou
advogada e filiada ao PT, nascida em Resende-RJ.
Você
está empenhada na construção e incentivo da participação nos
comitês. O que te motiva?
Sim,
tanto participo dos comitês em Resende, como criei o Comitê de Luta
Popular- Feira Beira Rio. A minha motivação é política. Sempre
fui uma pessoa progressista e procurei votar sempre nos candidatos de
esquerda, contudo, em 2016 houve um golpe contra o governo da
presidenta Dilma Rousseff, que sofreu um impeachment sem crime de
responsabilidade e logo em 2018 o segundo golpe que culminou com a
prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para favorecer a
vitória do atual presidente da República, que nomeou o juiz de 1º
grau que condenou Lula como Ministro da Justiça. A partir de então
decidi ingressar na política, pois não cabia mais ficar militando
somente nas redes sociais e reclamando da vida, para lutar por aquilo
que acreditava. A conjuntura apresentada na época, foi piorando cada
dia mais. E hoje temos esta grande ferramenta que é o CPL – Comitê
Popular de Luta. Assim sendo, como gosto muito da militância na rua,
panfletando, conversando com o povo, marcando o nosso lugar político,
criei o CPL – Feira Beira Rio na Cidade de Resende-RJ.
Resende
tem se destacado pela organização de comitês em várias regiões
da cidade e pelo crescente apoio popular nas atividades de rua. A que
atribui esse sucesso numa cidade considerada bastante conservadora?
Sim,
é verdade. Foram criados diversos Comitês de Luta na nossa cidade e
o apoio dos populares que passam pela rua e dos simpatizantes só
aumenta, apesar do grande conservadorismo da cidade de Resende.
Atribuo
o sucesso dos comitês em nossa cidade à dedicação de um grupo de
pessoas que sempre esteve e estará nas ruas, protestando por um país
melhor. Os comitês são um sucesso, pelo trabalho dedicado, e sempre
bem preparado com capricho e numa linguagem que todos possam
entender, sempre havendo um tema a ser tratado com o povo, isto
acontece em todo o Brasil. Aqui em Resende estamos presentes, seja
nas ruas do centro, nas periferias, e também nos distritos da
cidade. Acredito que houve um grande avanço e sucesso dos comitês,
por causa da crise e do caos que se encontra o país. E como os
comitês propõe uma discussão justamente dos assuntos que estão
atingindo ao povo não existe conservadorismo que resista!
Como
está receptividade da população às atividades do Comitê da Feira
Beira Rio?
A
receptividade dos nossos Comitês em geral está ótima. No meu
Comitê que é o CPL Feira Beira Rio, vem aumentando a cada semana, e
eu particularmente estou muito feliz com o resultado. Eu sinto que o
povo está muito entristecido com toda a desordem que se encontra o
país, principalmente com os problemas que atingem as pessoas mais
pobres como a violência, a inflação, o desemprego, e o ataque ao
nosso maior patrimônio que são nossas reservas florestais, para
extração de minério, pesca ilegal e criação de gado, o que
ocasiona desastres ecológicos que atingem também os mais
necessitados. Hoje em dia as pessoas da cidade estão mais soltas,
com vontade de conversar, reclamam principalmente da carestia dos
alimentos, do combustível, do desemprego, da violência contra o
povo, e do atual governo.
Como
avalia a destacada participação das mulheres nos comitês?
Eu
avalio a participação das mulheres nos Comitês com grande orgulho.
As mulheres são as grandes guerreiras neste país e apesar de serem
tolhidas em toda a história brasileira, sempre fizeram a diferença.
Em Resende as mulheres participam sim em maior número nos Comitês,
o que corrobora para o grande sucesso e brilhantismo dos CPLs em
Resende. Todas sempre corajosas participando com muito ânimo e
alegria. E acho que esta célula que começa nos bairros de centro ou
periferia, nas feiras, nos distritos da cidade é o grande começo,
para se multiplicarem em todas as cidades do Brasil, continuando na
eleição 2022 e também após a eleição. Já marcamos nosso lugar
com a nossa luta e continuaremos para sempre, com outras nos
sucedendo, mas nunca sem parar a luta.
MARTA
BALTAR: “...já passou
da hora de termos mais mulheres na política.”
Foto: Divulgação
Quem
é Marta Fernanda Baltar?
Tenho
61 anos e sou moradora de Resende há dez anos, vinda de São Paulo.
Trabalhei 20 anos em contas a pagar e oito como técnica de
enfermagem. Sou separada e sem filhos.
Você
está empenhada na construção e incentivo da participação nos
comitês. O que te motiva?
Tenho
ajudado como sei e posso, acompanho a trajetória do Lula desde que
ele era sindicalista. Em 1989 quase perdi o emprego por dizer que
iria votar nele. Sou nova na militância por falta de oportunidade.
Estou engatinhando, aprendendo.
Resende
tem se destacado pela organização de comitês em várias regiões
da cidade e pelo crescente apoio popular nas atividades de rua. A que
atribui esse sucesso numa cidade considerada bastante conservadora?
A
decepção com Bolsonaro&Cia e a lembrança dos governos Lula e
Dilma.
Como
está receptividade da população da Grande Alegria às atividades
do Comitê Marielle Franco?
São
bastante receptivos e aceitando muito bem.
Como
avalia a destacada participação das mulheres nos comitês?
Na verdade em questão de economia doméstica quem domina somos nós, e também já passou da hora de termos mais mulheres na política.
LIANA
COSTA: “Me senti muito bem acolhida. Temos o mesmo propósito de
tentar salvar o Brasil dessa condição vergonhosa e humilhante.”
Foto: Divulgação
Quem
é Liana Costa?
Sou
carioca, e moro há 12 anos em Resende
Depois
de você conhecer o Comitê da Feira da Beira Rio, passou a manhã de
sábado, dia 30 de julho, na atividade do Comitê do Calçadão super
animada, titando fotos, conversando. O que te motiva a participar
desse movimento?
O
que me motivou foi ver a situação degradante a que o Brasil
chegou...
Lamentável
😞
Hoje mesmo vi no deck da Beira Rio, seres humanos morando na rua!
Perto
do Supermercado Royal também...Nunca pensei em ver isso numa cidade
pequena como.Resende. Não penso só em mim, mas na população como
um todo. O comércio fraquíssimo
Os
comerciantes também numa situação crítica. Enfim, o Brasil
estagnado!
Como
se sentiu ao ser recebida com tanto carinho pela militância? Já se
sente "em casa"?
Me
senti muito bem acolhida. Temos o mesmo propósito de tentar salvar o
Brasil dessa condição vergonhosa e humilhante.
Como
avalia a destacada participação das mulheres nos comitês?
Mulheres
são determinadas e ativas!
ADEILSON
TELES: “A pauta
eleitoral, certamente, será preponderante nas atividades dos Comitês
Populares de Luta a partir de 16 de agosto.”
Foto: Nando Neves
Quem
é Adeilson Teles?
Sou
historiador e coordenador do Comitê dos Comitês Populares de Luta
do Rio de Janeiro.
Qual
a importância dos CPLs?
Os
Comitês Populares de Luta fazem parte de um movimento amplo que
busca engajar diferentes setores da sociedade para mudar o Brasil,
retomando o rumo do desenvolvimento sustentável para um país
soberano e justo.
Como
nasceu a proposta de criar o Comitê dos Comitês RJ?
A
partir de uma demanda nacional, sentimos a necessidade de um espaço
no Rio que centralizasse os anseios de ideias e de distribuição de
material, respeitando a autonomia de cada Comitê.
Quantos
Comitês já estão cadastrados no Comitê dos Comitês no RJ?
No
Estado, já são 314 Comitês cadastrados.
Como
está a organização dos Comitês no interior do RJ? Já existem na
maioria dos municípios?
Sim,
a maioria dos 92 municípios do Estado já contam com Comitês
Populares de Luta. Sendo que algumas cidades contam com mais de um
comitê.
Tem
informação de quantos CPL já estão organizados no Brasil?
Estão
organizados 4.300 comitês, sendo 44 no exterior.
O
que muda na atuação dos CPL com o início oficial da campanha dia
16 de agosto?
A
pauta eleitoral, certamente, será preponderante nas atividades dos
Comitês Populares de Luta a partir de 16 de agosto. No entanto,
passadas as eleições, os Comitês continuarão tendo um papel a
cumprir para garantir os avanços com nossas vitórias eleitorais.
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