quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Mais que papel: artesanato sustentável conquista o seu espaço

Por Ana Júlia Pompeu e Polliana Amurim*

O termo empreendedorismo social vem cada vez mais ganhado destaque. Na prática, é quando uma empresa busca não somente o lucro, mas também a utilização de técnicas sustentáveis a fim de desenvolver seu negócio em conjunto com melhorias para a comunidade.

De acordo com o estudo “Solucionar a Poluição Plástica: Transparência e Responsabilização”, o Brasil é quarto país do mundo que mais produz lixo, atrás apenas dos Estados Unidos (1°), China (2°) e Índia (3°). O artesanato sustentável surgiu da necessidade de reaproveitar o grande volume de resíduos produzidos.

Além disso, para muitos brasileiros, conseguir trabalho formal está cada vez mais difícil.  Dessa forma, o artesanato sustentável é uma alternativa para conseguir o ganha-pão, já que esse tipo de arte é mais lucrativo para os artesãos devido ao fácil acesso aos materiais.


Diferente do artesanato tradicional, na prática sustentável as peças são criadas a partir de materiais que iriam para o lixo.  Dessa forma, eles são transformados em decoração e usados com uma oportunidade de fonte de renda.

Dificilmente podemos imaginar materiais que, na visão de muitos, não possuem mais a serventia poderiam ser reaproveitados. Porém, em Volta Redonda, três irmãs decidiram abrir sua loja com produtos feitos de maneira artesanal. Rosenilda, Marília e Roselena são donas do Ateliê “Três Marias”, conhecido por transformar jornais, rolos de papel higiênico, papel, pallets e caixotes em peças totalmente novas. O que antes era apenas um papel que seria descartado, hoje é a borda de espelho na sala de alguém.

“O trabalho é árduo e pesado, principalmente para artesãs mulheres. No meu caso, trabalho com pallets, pneus, madeira reciclada, tudo que demanda força. O retorno financeiro, por enquanto, não é tão grande, mas vale o esforço pelo trabalho final e a sensação de ajudar o planeta, embelezar lares e receber elogios por transformar ambientes em lugares aconchegantes”, afirmou Rosenilda.

Apesar de muitas pessoas mostrarem preferencias por empresas verdes, as irmãs contam que os principais interessados possuem maior poder aquisitivo. A população em geral, de renda mais baixa, ainda tem muito preconceito em gastar dinheiro com “lixo”.

“Não compreendem que retiramos o que poderia fazer mal ao planeta e transformamos em arte”, disse Marília. Porém as donas do Atelier não desanimam. Pelo contrário, se sentem felizes por divulgarem esse tipo de trabalho da região e torcem para que se torne cada vez mais conhecido.


Apesar das dificuldades, dados do IBGE mostram que o artesanato brasileiro tem ganhado força nos últimos anos e muitos consumidores preferem investir em produtos mais acessíveis e com os quais sintam uma conexão, como é o caso de Iasmin Ferreira. A jovem de 21 anos revela que sempre foi ligada à arte e busca cada vez mais estar engajada em questões socioambientais.

“Por muito tempo eu pintei como hobby, porém parei depois que entrei na universidade. Mas ainda gosto de consumir esse tipo de produto. Vi no artesanato sustentável a junção de duas coisas nas quais tenho interesse. Acho importante esse consumo consciente”, afirmou.

Ela também comentou sobre a importância do consumo consciente, de uma forma que ajude a economia, mas que não cause tantos impactos na natureza: “As pessoas têm mania de jogar coisas em boas condições fora e, às vezes, elas só precisam do trato de um bom artesão. O universo e o nosso bolso agradecem”.


* Estudantes de Jornalismo 

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